Subida ao Pico – A maravilhosa história desta Montanha.
A aventura da subida ao Pico ao cume da Montanha do Pico inicia-se na denominada Casa da Montanha do Parque Natural da Ilha do Pico, onde se realiza o registo obrigatório para autorização de subida e é disponibilizado um equipamento GPS de rastreio e monitorização.
Depois de todas as formalidades iniciei a minha subida ao Pico eram 10:15 horas do dia 6 de outubro de 2022. A meteorologia previa céu pouco nublado ou limpo com vento fraco de nordeste. O piso, no entanto, estava bastante molhado, com muitas poças no início do caminho, devido às intensas chuvas do dia anterior.
O início da Subida ao Pico
O início do percurso requer alguma atenção devido às irregularidades do terreno e às pedras que caiam das linhas escavadas pela água. A primeira paragem foi no local chamado Furna Abrigo. Vale bem a pena realizar aqui uma pequena paragem para apreciar toda a paisagem envolvente, se as nuvens o permitirem, e realizar uma pequena exploração desta cratera de origem vulcânica.
Terminada a exploração estava na hora de começar a verdadeira subida ao Pico, ao topo da Ilha. Daqui, a subida começa a ser progressivamente mais íngreme até chegarmos ao marco 16 e 17, onde realizamos outra paragem para hidratação e contemplação da paisagem. Junto a este marco existe uma mariola de grandes dimensões. Deste ponto pela primeira vez conseguimos avistar toda a ilha do Faial.
Do marco 17 até ao marco 33, devido ao percurso estar bastante molhado em certas zonas, optei ocasionalmente por fazer um pequeno desvio de 2 metros e percorrer caminhos abertos pelas equipas de resgate com menos cascalho e de mais fácil progressão. Nesta zona do percurso mais íngreme também se pode ver alguns postes de betão com anilhas, preparados para a montagem em rapel em caso do necessário resgates com macas.
A Chegada à Cratera
Após a passagem desta zona mais complicada logo nos surge pelo lado direito um poste com uma câmara de vigilância e um pouco mais adiante o local de entrada para a grande cratera. Descidos uns 5 m da cratera a nossa visão é deslumbrada pela magnífica paisagem que nos rodeia.
O poste 47 marca o início da última subida até ao Piquinho, Cume, Alto do Pico, Alto da Fumarola ou lá o que lhe quiserem chamar. A subida até ao marco geodésico começa em cascalho e vai acentuando o desnível até ao topo, mas é de subida relativamente fácil com a ajuda das mãos.
No topo da Montanha do Pico
No topo está o Marco Geodésico de 3ª escala que assinala os 2351 metros de altitude fazendo deste ponto o mais alto da Ilha do Pico, dos Açores e de Portugal. A vista que daqui se alcança é simplesmente espectacular. A ilha de S. Jorge a Norte espreita por entre as nuvens, a Este com algum esforço se consegue observar as belas lagoas da ilha, a Sul e Oeste a monstruosa cratera que nos delícia com tamanha imensidão paisagística.
No cume estava um casal inglês, maravilhados com a paisagem, com quem estive largos minutos à conversa. Junto da fumarola ela visivelmente espantada dizia: “amazing , so amazing”. Por curiosidade estiveram em Sintra, a minha terra, sendo eles os autores e companheiros das fotografias que tiramos neste cume.
A Descida da Montanha do Pico
Desci para a cratera porque o vento começou a soprar com mais intensidade e almocei refastelado num dos abrigos de pernoita. Eram cerca das 14:30 horas, quando iniciei a descida. A descida inicial foi realizada junto dos marcos secundários até ao número 35 com algum “free style” pelo meio.
Na descida até à casa da Montanha demorei cerca de 3:30 horas. Parei umas 3 ou 4 vezes para fotografias e para ajudar 2 montanhistas que desciam com muito sofrimento. A subida demorei cerca de 3:15 horas com algumas paragens mais alongadas.
O equipamento que usei na subida ao Pico foi:
Botas de montanha Asolo Drifter gv Evo Gore Tex.
Calças Caminhada Millet Trekker Stretch.
Casaco polar Columbia Fast Trek + Impermeável
Mochila Millet de 30 litros capacidade com 2 litros de água, almoço, lanterna, chapéu, multiusos militar e protector solar.
Mais informações sobre equipamento para Caminhadas.
Qual o grau de dificuldade da subida ao Pico?
A subida ao topo da montanha do Pico não é muito difícil para quem esteja habituado a caminhadas de Montanha que é o meu caso. Para quem não frequente montanhas e não esteja com razoável aptidão física pode-se tornar muito doloroso. Durante a minha subida das 23 pessoas registadas na casa da Montanha apenas 7 conseguiram o cume.
Quanto tempo demora a subida e descida ao Pico?
A resposta depende muito do nível físico de cada um e da meteorologia. O tempo normal de subida sem pressas a uma velocidade aceitável com bom e mau tempo será de cerca de 3:30 horas a 4 horas. A descida pode demorar um pouco mais, com bom tempo umas 4 horas, com mau tempo umas 4:30 horas será suficiente. u003cbru003eEu demorei 3:00 horas a subir e cerca de 3:15 horas a descer.
Que roupa, calçado e equipamento devo levar na subida ao Pico?
A resposta a isto depende da meteorologia e da preparação física de cada um. Eu aconselho que devem sempre levar um impermeável, boas botas de montanha, lanterna, calças flexíveis de montanha, t-shirt respirável de lã Merino ou poliéster e meias do mesmo material. Devem também levar barras proteicas e 2 litros de água.u003cbru003eu003cbru003eNa escolha do equipamento a usar devem ter em conta que as condições climatéricas em montanha se podem alterar muito rapidamente.
Devo contratar um Guia para a subida ao Pico?
Outra resposta ambígua. Se não tens experiência nenhuma de caminhadas em montanha a minha resposta é: sem dúvida que sim e mesmo assim será muito difícil. u003cbru003eu003cbru003eSe fizeste os Caminhos de Santiago 30 vezes e Fátima a pé 30 vezes que não são caminhadas de montanha nem nada equivalente, a minha resposta é: Sim, sem dúvida que sim. u003cbru003eu003cbru003eSe és experiente em montanha, tens sentido de orientação, realizas semanalmente vários quilómetros em montanha, tens boa aptidão física e equipamento, a minha resposta é: não é necessário. De qualquer maneira, a escolha de um bom Guia experiente e credenciado, tornará certamente a subida mais interessante e desenvolve o comércio e agentes locais.
Qual a melhor altura do ano para subir ao Pico?
Para subir ao Pico deve-se evitar o inverno a não ser que sejas muito experiente e estejas a testar equipamento de montanha de neve. A subida ao Pico é muito mais maravilhosa quando se consegue admirar toda a paisagem envolvente.
Vale a pena dormir na cratera do Pico?
Depende dos gostos e disponibilidade de cada um. Eu como estive apenas 4 dias na ilha do Pico achei que não era viável a dormida na cratera. Se tivesse mais tempo e fosse em grupo era provável que optasse por dormir na cratera.
Quais os custos da Subida ao Pico?
Eu paguei 15 € de taxa de subida acrescidos de 10 € para subir ao Piquinho. Quanto aos valores cobrados não vou fazer nenhuma observação apenas para dizer que sou frequentador assíduo de alguns dos maiores Parques de Espanha como o Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, Parque Nacional dos Picos da Europa, Parque Natural de Posets–Maladeta entre outros, e nunca em lado nenhum paguei alguma taxa de subida.
Quantos marcos existem ao logo do percurso?
Existem 47 marcos que assinalam o percurso sendo que quase no topo existem outros com marcação secundária. Existem também uns de betão que para em caso de resgate, ser mais fácil o transporte em macas.
Qual o contacto e horário da Casa da Montanha?
Morada: Caminho Florestal nº 9 Candelária, 9950 Madalenau003cbru003eContacto: 967 303 519u003cbru003eEmail : info.sraac.cm@azores.gov.ptu003cbru003eu003cbru003eu003cstrongu003eHorário de funcionamento: u003c/strongu003eu003cbru003eDe 1 de maio e 30 de setembro: 24 horas; u003cbru003eDe 1 a 30 de abril e de 1 a 31 de outubro: das 8 horas de sexta-feira às 20 horas de domingo. Restantes dias das 8 às 20 horas; u003cbru003eDe 1 de novembro a 31 de março: das 8 às 18 horas.u003cbru003e
História da Ilha do Pico
Formada em torno de um vulcão que ainda se encontrava activo no século XVIII, a ilha do Pico é aquela onde se encontra situado o ponto mais alto de Portugal, com 2 351 metros. É essa elevação, no meio de uma ilha de 42 km de comprimento e 15 de largura, que dá o nome a esta ilha, que junto ao mar apresenta, em algumas zonas, altas falésias.
Hoje dividida pelos concelhos de Lajes do Pico, Madalena e São Roque do Pico, a ilha tem uma economia baseada na agropecuária. Sob o ponto de vista turístico, sem dúvida que todas as atenções se centram no Pico propriamente dito, embora não se esgotem nessa obra da natureza.
Alguns locais a visitar na Ilha do Pico
Lajes do Pico. Centro baleeiro de tradições seculares, é obrigatória a visita ao Museu dos Baleeiros, onde é possível apreciar peças de arte feita em osso de baleia, instrumentos dessa actividade e uma baleia bebé embalsamada.
São Roque. Centro baleeiro, onde se encontra situado um interessante museu dedicado a esta actividade tão característica dos Açores. Visitar, também, o Convento de São Pedro de Alcântara.
Arquivo Açoriano de 1882
Uma excelente descrição da Ilha do Pico está no Arquivo Açoriano do ano de 1882 que deixo transcrito com o vocabulário da época, diz assim:
A verdadeira bellesa, porem, d’este lado occidental da ilha é quando a neve se estende desde o cimo do Pico até á sua zona media, cobrindo em toda a largura aquelles vastos terrenos d’um lençol alvíssimo e que o sol d’um claro dia, bem claro, de Janeiro ou Fevereiro entorna fulgurantes ondas de luz por sobre o gelo, emprestando-lhe Kin-tillações diamantinas, incendendo aquelle immenso glacier de deslumbrantes miragens.
N’esses dias a arrumação das nuvens, no ocaso do sol, que, inevitavelmente, como aves cançadas d’um longo jornadear pelos espaços, vem procurar repouw e abrigo nas escarpas da montanha, apresentam delicadissimas cores, cobrindo a nudez do gigante açoriano, com mantos franjados de purpura ou de arminhos, com doiradas barras. nas quaes lambem se reflecte o azul dos cens.
O cume da montanha, dominando essas nuvens, tem então nos tons metallicos, a cor ruiva e escura do bronze que vae arrefecendo é já quasi negro- no litoral, desprovido nessa quadra do anuo das folhas verdes das figueiras e d’ontras fructiferas arvores em que abunda aquella região.
Na época dos descobrimentos, na fase henriquina, a ilha foi designada como ilha de São Dinis, conforme consta no testamento do Infante. Posteriormente, na cartografia do século XIV, encontra-se denominada como ”ilha dos Pombos”.
Erupções na Ilha do Pico
Nesta ilha houve muitas erupções vulcânicas: uma delas foi em 1572, quando perto da Prainha rebentou uma torrente de lava de meia légua de largura e 2 léguas de comprimento, a qual correu para o mar.
Em 1720 houve no vulcão do Pico uma tão forte erupção, que a inundação do fogo cobriu uma légua em quadro, e cinzas e pedras furam cair na ilha de S. Jorge. A unidade de medida “légua métrica” depois do ano de 1855 era equivalente a 5 000 metros.